Cadeira Nº 01 - Acadêmico: Tibúrcio Bezerra de Morais Neto.
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Patrono: Padre Antonio Vieira
PERFIL BIOGRÁFICO
Padre Antonio Vieira
Antonio Batista Vieira
– o Padre Vieira – filho de Vicente Viera da Costa e Senhorinha Batista de
Freitas - nasceu no Sítio Lagoa dos Órfãos (atualmente Cristo Rei), ao sopé da
Serra dos Cavalos, no município de Várzea Alegre, Ceará, no dia 14 de junho de
1919.
Recebeu de Dona Senhorinha os seus estudos
iniciais (Carta do ABC). Os estudos primários aconteceram em escolas
particulares onde reinavam os castigos físicos, os ditados e a valorização da
memorização. Realizou os Cursos de Admissão e Ginasial no Seminário do Crato.
No Seminário Maior de Fortaleza, cursou Filosofia e Teologia. Ordenou-se
sacerdote no município de Crato, em 27 de setembro de 1942. Cursou
Administração de Empresas na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. Fez o
curso de Direto na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cursou Licenciatura
em Filosofia na Faculdade de Filosofia de São João Del Rei, Minas Gerais.
Padre Vieira foi professor de Português,
Latim, Italiano e Grego no Seminário do Crato. Foi Redator-Chefe do jornal “A
Ação”, Crato. Trabalhou no jornal “O Povo” onde escrevia crônicas “Bom dia, meu
irmão” com o psedônimo Antônio Teixeira. Foi Diretor do Ginásio Nossa Senhora
da Expectação, no município de Icó. Foi professor de Antropologia Crítica e
Problemas Filosóficos na Universidade Santa Úrsula e professor de ética na
Faculdade Jacobina no Rio de Janeiro. Foi deputado federal e, por denunciar os
desmandos de então, foi cassado pelo AI-5.
Padre Vieira sempre manteve, como centro de
suas reflexões e preocupações, o ser humano, suas dores, sofrimentos, dúvidas e
angústias que foram transformados nos seguintes livros: 100 Corte Sem Recortes
(1963), O Jumento, Nosso Irmão (1964), O Verbo Amar e Suas Complicações (1965),
Sertão Brabo (1968), Mensagem de Fé para quem não tem Fé (no Brasil, em 1981, e
no Chile, em 1983), Penso, Logo Desisto (1982), Pai Nosso (1983), Bom-Dia,
Irmão Leitor (1984), Por que Fui Cassado (1985), Gramática do Absurdo (1985), A
Igreja, o Estado e a Questão Social (1986), A Famíla (Evolução histórica,
sociológica e antropológica – 1987), Eu e os Outros (1987), Roteiro Místico e
Lírico sobre Juazeiro do Norte”(1988), Eu sou a Mãe do Belo Amor (1988), Senhor
Aumentai a Minha Fé” (1989), “Filosofia, Política e Problemas Jurídicos”(1989),
Pensamentos do Padre Antonio Vieira (1990), Fatos Interessantes e Pitorescos
(2001) e Crônicas Afiadas (2003).
Em Antonio Batista Vieira coexistiam o
padre, o advogado, o jornalista, o escritor, o político e o filósofo. Em todos
esses sempre estiveram presentes, além de uma larga compreensão, um profundo
apego à ética e à justiça.
Como padre, sempre esteve acompanhado de
uma sólida e profunda compreensão antropológica e sociológica da igreja, no
sentido de percebê-la como um caminho para que o homem se liberte dos seus
condicionamentos de opressão. Dizia o egrégio padre que “a igreja devia tomar a
iniciativa de conciliar as tendências diferentes e liderar um momento universal
de concórdia, de solidariedade, de fraternidade”. Seguindo o mesmo raciocínio,
afirmava só haver um caminho para a valorização do homem, que seria colocar a
riqueza, a técnica, a cultura e o Direito a serviço do ser humano.
Como advogado, não obstante a decepção com
a advocacia, foi um eterno e hercúleo defensor da seleção dos meios mais
eficazes para descobrir a verdade e evitar o erro. Como advogado, sempre
vivenciou o princípio ético que proteciona os direitos fundamentais do ser
humano. Mas decepcionado com a advocacia, em função da inexistência de uma
compreensão antropológica e sociológica do Direito, o eminente advogado
afirmou: “Penetrei nos umbrais da advocacia, como um neófito, deslumbrado com a
beleza e sublimidade dos conceitos jurídicos e os ideais sublimados da justiça.
E agora estou enrolando o meu pergaminho de bacharel e enfiando no canudo, como
uma eterna sepultura”. O nobre causídico sentia com tristeza inefável o
aniquilamento do princípio jurídico que se destina a proporcionar aos
litigantes, igualdade de litígio e justiça na decisão.
No jornalista, sempre estiveram presentes as
reflexões acerca do mundo e do próprio homem, mostrando seu humanismo, sua
grandeza, jamais calando diante do angustiante problema de desvalorização do
ser humano. Padre Vieira nunca deitou silêncio sobre as desigualdades sociais e
iniqüidades historicamente produzidas.
Como escritor, deixou
uma obra riquíssima, onde o brilhante conteúdo deixa transparecer a sua
inteligência privilegiada e a sua cultura polimorfa. “O Jumento, Nosso Irmão”,
foi considerado, pela BBC de Londres como o livro mais completo do mundo sobre
o jumento. Como escritor, falou da sua “Várzea Alegre” como poucos, mostrando a
cultura, o dia-a-dia do homem sertanejo e as suas idiossincrasias.
Como político, foi
injustiçado pela elite jurássica e obsoleta da política brasileira.
Cassaram-lhe o mandato, mas não o impediram de amar o seu próximo e continuar a
defendê-lo. “O sol nasceu para todos, mas a sombra para poucos”. Este célebre
axioma é fruto das suas reflexões cotidianas sobre o mundo e o homem. As
injustiças e a exploração do homem pelo homem, foi o que o Deputado Federal
Padre Vieira combateu com coragem e inteligência. Cassar o político não foi
suficiente para cassar também o seu eterno espírito de fraternidade e
solidariedade. Cassaram o político e fortaleceram o cidadão Antonio Batista
Vieira.
Agora, torna-se
imperioso destacar o filósofo, aquele que através das profundas reflexões,
buscou a compreensão do homem e do mundo em seus conflitos e intempéries. O
incansável filósofo não estacionou no campo teórico e conceitual; ele foi mais
além, buscando denunciar as injustiças, as agressões ao meio ambiente e tudo
aquilo que interfere na realização dos direitos primaciais do ser humano. Foi
como filósofo que, em
Antônio Batista Vieira, brilharam o padre, o jornalista, o
escritor, o advogado, o político e o célebre e inesquecível cidadão
varzealegrense.
Padre Vieira faleceu na madrugada de sábado
do dia 19 de abril de 2003 no Hospital das Clínicas em Fortaleza.
Antes o umbigo e o
coração; agora o seu corpo. Padre Vieira nos deixou, mas nos acompanhará, para
todo o sempre, pois sua obra, seus ensinamentos e os princípios éticos, tantas
vezes difundidos, serão eternos referenciais em nossa caminhada. Padre Vieira
dizia sempre: “Quando eu morrer, não quero lágrimas nem lamentos, porque não
morri, apenas mudei de morada. Continuo vivo na casa do pai”.
Padre Vieira - agora conhecido como "Padre Vieira de Várzea Alegre" - foi escolhido o Patrono da Academia Varzealegrense de Letras.
Carta de 1975
Textos:
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Padre Vieira - agora conhecido como "Padre Vieira de Várzea Alegre" - foi escolhido o Patrono da Academia Varzealegrense de Letras.
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