José
Caminha Alencar Araripe é mais conhecido como jornalista, sendo considerado por
muitos como o maior editorialista da sua geração. Mas sua atuação se desenvolve
num amplo leque de atividades culturais de política e pesquisa histórica e
sociológica.
Nasceu J.C. Alencar Araripe em Jardim, CE, no dia 1o de maio de 1921, filho de Otaviano Cícero de Alencar Araripe e Joana Caminha Gondim Araripe. É casado com Noemi Benevides Alencar Araripe. O casal tem sete filhos: Otaviano, médico, Ruy, matemático e professor, Araripe Júnior, engenheiro e professor, Leoni, casada com José Ferreira Nunes Filho, Fátima, casada com Francisco José Fernandes Bezerra, Noemi, casada com Sérgio Cordeiro e Maria Helena, casada com Nilson Lobo. O feliz casal já conta com uma vintena de netos.
J. C. Araripe fez parte do seu curso primário no colégio da Professora Froceli Cabral, no Crato, CE; concluiu-o em Várzea Alegre, CE, estudando com a progenitora. Em seguida, matriculou-se no Seminário Menor, do Crato, onde fez as primeiras séries do Ginásio. Dai, passou a Fortaleza, cursando a Fênix Caixeiral.
Formou-se em Ciências Contábeis e Atuariais e freqüentou vários cursos de extensão, valendo mencionar: Curso de Liderança de Conferências da Esso, em 1964; Ciclo de Estudos da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ADESG, em 1964, Técnico de Ensino, promovido em Fortaleza, em abril de 1960, pelo Centro de Instrução Almirante Wandenkolk, da Marinha do Brasil; Curso de Liderança de Debates, da Esso, em 1968.
No Magistério, teve Alencar Araripe atuação constante, tendo sido lente da Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho, Academia de Comércio Pe. Champagnat, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC, professor Assistente por concurso do Curso de Comunicação Social da UFC; exerceu os cargos de: Chefe do Departamento de Comunicação Social da UFC por dois períodos, Presidente da Coordenação do Curso de Comunicação Social, Membro do Conselho Departamental de Redação da Revista de Comunicação Social, Coordenador da Disciplina Estudo de Problemas Brasileiros, Membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisas da Comunicação e Membro do Conselho Universitário da UFC. Foi Secretário da Faculdade de Medicina da UFC, Diretor da Divisão de Planejamento e Controle da UFC, Presidente do Grupo de Trabalho que promoveu a readaptação dos funcionários da UFC, Membro da primeira Comissão de Promoção e Acesso aos funcionários da UFC e Relator-Geral e Secretário-Geral da Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 7a. Região.
No jornalismo, percorreu todos os caminhos com brilhantismo, desde a reportagem para o jornal O Estado até à alta Direção de O Povo, onde foi editorialista e fez escola.
Na Política, foi J.C. Alencar Araripe eleito com expressiva votação Vereador à Câmara Municipal de Fortaleza (1.737 dias de mandato), líder da União Democrática Nacional na Câmara de Fortaleza, Presidente da mesma Câmara e Prefeito Municipal interino de Fortaleza, de 20 de maio a 2 de julho de 1952.
Na Associação Cearense de Imprensa, de que foi Presidente em quatro mandatos, realizou trabalho de tal significação que acaba de ser recentemente levado ao seu quinto mandato como Presidente da prestigiosa Associação.
Sua produção jornalística é enorme, versando sobre os mais variados assuntos, em forma de ensaios, artigos, reportagens, crônicas e discursos. Tem Araripe acentuada tendência para apreciações biográficas e cultiva a pesquisa histórica, presente inclusive nas suas reportagens sobre a Polônia, em número de 13, publicadas em 1953; sobre os Estados Unidos, em número de 14, dadas a lume em 1957 e sobre a Alemanha Ocidental (16), publicadas em 1961.
Entre as inúmeras distinções recebidas, vale citar: em 1958 Prêmio Esso de Reportagem; em 1959, Prêmio Herbert Moses (Ministério da Agricultura); em 1965, Prêmio Literário da Cidade de Fortaleza, concedido pela Prefeitura Municipal; em 1966, com o livro A Glória de um Pioneiro (vida de Delmiro Gouveia), credenciou-se ao prêmio Capistrano de Abreu, da UFC; em 1967, com o ensaio A América em face do Desafio do Século, concorreu ao Prêmio Ottocar Rosários, instituido pela Fundação do mesmo nome, de Buenos Aires, Argentina; em 1978, recebeu da UFC a Medalha Jurandir Picanço, por serviços prestados à causa do Ensino Médico; em 1980 recebeu o titulo de Grande Colaborador da Cultura Portuguesa, concedido pela Academia Antero do Quental, no IV Centenário da morte de Camões; em 1983, recebe a Placa de Prata de redatores e funcionários de O Povo, ao deixar o jornal onde serviu durante 40 anos; em 1985, recebe a Medalha Justiniano de Serpa do Governo do Ceará; em 1987, Medalha do Centenário do Instituto do Ceará; no mesmo ano, Diploma de Amigo da Cultura, outorgado pela Secretaria de Cultura do Estado. Recebeu, também, o Titulo de Professor Emérito, da Universidade Federal do Ceará.
Tem sido grande a sua participação em congressos, simpósios seminários e encontros culturais. Alguns exemplos:
1949 III Congresso Nacional de Jornalistas, em Salvador, BA; I Congresso Internacional de Jornalistas em Helsinque, Finlândia, em junho de 1967.
Em 1970 Encontro Nacional de Escolas de Comunicação em Salvador, BA; 1971 Congresso de Relações Públicas do Norte e Nordeste, em Fortaleza;
1973 V Semana de Estudos de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo; II Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa de Comunicação, em Fortaleza em junho de 1974, do qual foi o Presidente;
1979 Congresso Internacional de Direito do Trabalho, em Fortaleza, patrocinado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7a Região e promovido pela Academia íbero-Americana de Derecho del Trabajo y Seguridad Social, de Madri e Instituto LatinoAmericano del Derecho del Trabajo y de Seguridad, de Buenos Aires, Argentina.
Bibliografia de J. C. Alencar Araripe
A Faculdade de Medicina e a sua Ação Renovadora Imprensa Universitária, Fortaleza, 1948;
Nordeste, Pão e Água Imprensa Universitária, Fortaleza, 1959;
Do Sonho de Brasília à Realidade do Nordeste Imp. Universitária, Fortaleza, 1960;
A Glória de um Pioneiro (A vida de Delmiro Gouveia), Edições O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1967;
Gente da Gente Banco do Nordeste do Brasil, Fortaleza, 1979;
Do Amazonas ao Rio da Minha Aldeia Imprensa Oficial do Estado, Fortaleza, 1986; Luzes do Túnel da Memória Fortaleza, 1992.
Nasceu J.C. Alencar Araripe em Jardim, CE, no dia 1o de maio de 1921, filho de Otaviano Cícero de Alencar Araripe e Joana Caminha Gondim Araripe. É casado com Noemi Benevides Alencar Araripe. O casal tem sete filhos: Otaviano, médico, Ruy, matemático e professor, Araripe Júnior, engenheiro e professor, Leoni, casada com José Ferreira Nunes Filho, Fátima, casada com Francisco José Fernandes Bezerra, Noemi, casada com Sérgio Cordeiro e Maria Helena, casada com Nilson Lobo. O feliz casal já conta com uma vintena de netos.
J. C. Araripe fez parte do seu curso primário no colégio da Professora Froceli Cabral, no Crato, CE; concluiu-o em Várzea Alegre, CE, estudando com a progenitora. Em seguida, matriculou-se no Seminário Menor, do Crato, onde fez as primeiras séries do Ginásio. Dai, passou a Fortaleza, cursando a Fênix Caixeiral.
Formou-se em Ciências Contábeis e Atuariais e freqüentou vários cursos de extensão, valendo mencionar: Curso de Liderança de Conferências da Esso, em 1964; Ciclo de Estudos da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ADESG, em 1964, Técnico de Ensino, promovido em Fortaleza, em abril de 1960, pelo Centro de Instrução Almirante Wandenkolk, da Marinha do Brasil; Curso de Liderança de Debates, da Esso, em 1968.
No Magistério, teve Alencar Araripe atuação constante, tendo sido lente da Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho, Academia de Comércio Pe. Champagnat, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC, professor Assistente por concurso do Curso de Comunicação Social da UFC; exerceu os cargos de: Chefe do Departamento de Comunicação Social da UFC por dois períodos, Presidente da Coordenação do Curso de Comunicação Social, Membro do Conselho Departamental de Redação da Revista de Comunicação Social, Coordenador da Disciplina Estudo de Problemas Brasileiros, Membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisas da Comunicação e Membro do Conselho Universitário da UFC. Foi Secretário da Faculdade de Medicina da UFC, Diretor da Divisão de Planejamento e Controle da UFC, Presidente do Grupo de Trabalho que promoveu a readaptação dos funcionários da UFC, Membro da primeira Comissão de Promoção e Acesso aos funcionários da UFC e Relator-Geral e Secretário-Geral da Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 7a. Região.
No jornalismo, percorreu todos os caminhos com brilhantismo, desde a reportagem para o jornal O Estado até à alta Direção de O Povo, onde foi editorialista e fez escola.
Na Política, foi J.C. Alencar Araripe eleito com expressiva votação Vereador à Câmara Municipal de Fortaleza (1.737 dias de mandato), líder da União Democrática Nacional na Câmara de Fortaleza, Presidente da mesma Câmara e Prefeito Municipal interino de Fortaleza, de 20 de maio a 2 de julho de 1952.
Na Associação Cearense de Imprensa, de que foi Presidente em quatro mandatos, realizou trabalho de tal significação que acaba de ser recentemente levado ao seu quinto mandato como Presidente da prestigiosa Associação.
Sua produção jornalística é enorme, versando sobre os mais variados assuntos, em forma de ensaios, artigos, reportagens, crônicas e discursos. Tem Araripe acentuada tendência para apreciações biográficas e cultiva a pesquisa histórica, presente inclusive nas suas reportagens sobre a Polônia, em número de 13, publicadas em 1953; sobre os Estados Unidos, em número de 14, dadas a lume em 1957 e sobre a Alemanha Ocidental (16), publicadas em 1961.
Entre as inúmeras distinções recebidas, vale citar: em 1958 Prêmio Esso de Reportagem; em 1959, Prêmio Herbert Moses (Ministério da Agricultura); em 1965, Prêmio Literário da Cidade de Fortaleza, concedido pela Prefeitura Municipal; em 1966, com o livro A Glória de um Pioneiro (vida de Delmiro Gouveia), credenciou-se ao prêmio Capistrano de Abreu, da UFC; em 1967, com o ensaio A América em face do Desafio do Século, concorreu ao Prêmio Ottocar Rosários, instituido pela Fundação do mesmo nome, de Buenos Aires, Argentina; em 1978, recebeu da UFC a Medalha Jurandir Picanço, por serviços prestados à causa do Ensino Médico; em 1980 recebeu o titulo de Grande Colaborador da Cultura Portuguesa, concedido pela Academia Antero do Quental, no IV Centenário da morte de Camões; em 1983, recebe a Placa de Prata de redatores e funcionários de O Povo, ao deixar o jornal onde serviu durante 40 anos; em 1985, recebe a Medalha Justiniano de Serpa do Governo do Ceará; em 1987, Medalha do Centenário do Instituto do Ceará; no mesmo ano, Diploma de Amigo da Cultura, outorgado pela Secretaria de Cultura do Estado. Recebeu, também, o Titulo de Professor Emérito, da Universidade Federal do Ceará.
Tem sido grande a sua participação em congressos, simpósios seminários e encontros culturais. Alguns exemplos:
1949 III Congresso Nacional de Jornalistas, em Salvador, BA; I Congresso Internacional de Jornalistas em Helsinque, Finlândia, em junho de 1967.
Em 1970 Encontro Nacional de Escolas de Comunicação em Salvador, BA; 1971 Congresso de Relações Públicas do Norte e Nordeste, em Fortaleza;
1973 V Semana de Estudos de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo; II Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa de Comunicação, em Fortaleza em junho de 1974, do qual foi o Presidente;
1979 Congresso Internacional de Direito do Trabalho, em Fortaleza, patrocinado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7a Região e promovido pela Academia íbero-Americana de Derecho del Trabajo y Seguridad Social, de Madri e Instituto LatinoAmericano del Derecho del Trabajo y de Seguridad, de Buenos Aires, Argentina.
Bibliografia de J. C. Alencar Araripe
A Faculdade de Medicina e a sua Ação Renovadora Imprensa Universitária, Fortaleza, 1948;
Nordeste, Pão e Água Imprensa Universitária, Fortaleza, 1959;
Do Sonho de Brasília à Realidade do Nordeste Imp. Universitária, Fortaleza, 1960;
A Glória de um Pioneiro (A vida de Delmiro Gouveia), Edições O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1967;
Gente da Gente Banco do Nordeste do Brasil, Fortaleza, 1979;
Do Amazonas ao Rio da Minha Aldeia Imprensa Oficial do Estado, Fortaleza, 1986; Luzes do Túnel da Memória Fortaleza, 1992.
Embora mais conhecido como jornalista
e escritor, a atuação de J.C. Alencar Araripe deu-se em um amplo leque de
atividades culturais de política e pesquisa histórica e sociológica. Foi um dos
professores fundadores do curso de Comunicação Social da Universidade Federal
do Ceará, onde ocupou também o cargo de chefe de departamento, entre outros. Na
política, foi Vereador e Prefeito Municipal Interino de Fortaleza. No
jornalismo, J. C. Alencar Araripe percorreu o caminho desde revisor e repórter
até a alta direção do Jornal "O Povo". Mais à frente em sua carreira,
foi colaborador do Diário do Nordeste. Também foi presidente por 12 anos (de 1977 a 1986 e de 1992 a 1995) da Associação
Cearense de Imprensa (ACI) e membro do Instituto do Ceará (Histórico,
Geográfico e Antropológico).
Sua produção jornalística é enorme, dedicada aos mais variados assuntos, em forma de ensaios, artigos, reportagens e crônicas. Entre os prêmios recebidos, destaque para o Esso de Jornalismo, em 1958. Escreveu vários livros, a exemplo de "Luzes no túnel da memória", "O mundo em três dimensões" (ambos coletâneas de crônicas e artigos jornalísticos), "Alencar, o padre rebelde" (biografia de José Martiniano de Alencar), "A glória de um pioneiro - a vida de Delmiro Gouveia" e "Bárbara e a saga da heroína".
Trajetória
"Araripe foi uma pessoa que fez história. Devo muito a ele, fui sua aluna na UFC e foi a seu convite que entrei no jornal "O Povo", em 1974", recorda a jornalista Izabel Pinheiro, ex-chefe de reportagem do Diário do Nordeste e Vice-Presidente da ACI. Segundo ela, J.C era uma pessoa muito tratável e educada, presente para a família e os amigos. "A imprensa cearense deve muito a ele".
A opinião é compartilhada pela colega jornalista Ivonete Maia, atual presidente da ACI. "Araripe foi um jornalista completo. Começou na revisão do jornal "O Povo" e lá chegou à editoria geral. Nesse percurso, foi repórter premiado, editorialista e articulista. Mais à frente, publicou também artigos no Diário do Nordeste. Foi professor fundador do curso de Comunicação Social da UFC, onde fui aluna dele. Realmente uma pessoa muito relevante para o jornalismo do Ceará, sempre zeloso pelo conteúdo", lembra.
Na lembrança do filho, o médico Otaviano Alencar Araripe, a admiração também permanece. "Papai foi um dos que contribuiu para a fundação da Faculdade de Medicina, quando ainda nem era federalizada. Ele aposentou-se exatamente na época em que eu estava entrando no curso. Nesses dois últimos anos de doença passou por períodos bons. Nunca perdeu a lucidez, apensa na fase final", revela o filho.
Araripe nasceu no município cearense de Jardim, em 1° de maio de 1921. Veio a Fortaleza terminar o ensino ginasial (hoje chamado segunda parte do ensino fundamental). Trineto da revolucionária Bárbara de Alencar, formou-se em Ciências Contábeis e Atuariais e frequentou vários cursos de extensão. Além do Esso, ganhou os prêmios de literatura Cidade Fortaleza (1965) e o prêmio Capistrano de Abreu, prêmio UFC (1966).
O Padre Rebelde
Entre as obras mais importantes de J. C. Alencar Araripe está "Alencar, o Padre Rebelde", livro no mínimo emblemático sobre José Martiniano de Alencar (1794-1860). A biografia foi reeditada várias vezes e conta a trajetória de um dos homens mais importantes do século XIX do País. J. C. Alencar Araripe era um apaixonado pela figura de José Martiniano. Não somente por raízes familiares, mas também pela rica e tumultuada vida do "O Padre Rebelde".
A vida de Martiniano, pai do escritor José de Alencar, foi das mais movimentadas, principalmente no campo político. O surto revolucionário de 1817 o levou à prisão por vários anos. A sua administração, como presidente da Província, sempre mereceu louvores e aplausos. Teve atuação como deputado nas Cortes de Lisboa. Voltou ao Brasil após a Independência e envolveu-se da Confederação do Equador.
A mão dura do Império caiu como ferro sobre os confederados. Martiniano de Alencar conseguiu escapar. "Tive a preocupação de colocar diante do leitor os fatos que se desenvolveram, o martírio emociona de Tristão, a debandada sem resistência dos que antes arrotavam valentia, os fuzilamentos no campo da Pólvora dos implicados na Confederação do Equador, como Alencar escapou da repressão dos imperialistas, transcrevi depoimentos que ajudaram a clarear o entendimento da tragédia que se abateu sobre o Ceará.
A escapada de Alencar, e o que o levou da Chapada do Araripe à capital do Império, o Rio de Janeiro, pelo interior bravio e inóspito, é um episódio que qualifico de rocambolesco, pelas peripécias vivenciadas e pela determinação com que procurou subsistir em ambiente tão hostil pela natureza e pela ação do homem", disse J. C. Alencar Araripe em entrevista, em abril de 96, ao Diário do Nordeste.
Martiniano de Alencar voltou ao cenário político logo que se viu livre das acusações de implicado na revolução de 64. Seu retorno foi triunfante. João Brígido externou a opinião que Martiniano de Alencar "lançou os fundamentos do progresso moral e material do Ceará, ensaiando, com grande intuição no futuro, quantos melhoramentos a Província veio a considerar indispensável à sua civilização".
O livro de J. C. Alencar Araripe, "Alencar, o Padre Rebelde", é um de grande importância para se conhecer, além de Martiniano de Alencar, o Ceará durante o Império.
J. C. Araripe deixa um grande vazio. Mas seu legado - como jornalista, intelectual, político e empreendedor - é essencial para as novas gerações.
Sua produção jornalística é enorme, dedicada aos mais variados assuntos, em forma de ensaios, artigos, reportagens e crônicas. Entre os prêmios recebidos, destaque para o Esso de Jornalismo, em 1958. Escreveu vários livros, a exemplo de "Luzes no túnel da memória", "O mundo em três dimensões" (ambos coletâneas de crônicas e artigos jornalísticos), "Alencar, o padre rebelde" (biografia de José Martiniano de Alencar), "A glória de um pioneiro - a vida de Delmiro Gouveia" e "Bárbara e a saga da heroína".
Trajetória
"Araripe foi uma pessoa que fez história. Devo muito a ele, fui sua aluna na UFC e foi a seu convite que entrei no jornal "O Povo", em 1974", recorda a jornalista Izabel Pinheiro, ex-chefe de reportagem do Diário do Nordeste e Vice-Presidente da ACI. Segundo ela, J.C era uma pessoa muito tratável e educada, presente para a família e os amigos. "A imprensa cearense deve muito a ele".
A opinião é compartilhada pela colega jornalista Ivonete Maia, atual presidente da ACI. "Araripe foi um jornalista completo. Começou na revisão do jornal "O Povo" e lá chegou à editoria geral. Nesse percurso, foi repórter premiado, editorialista e articulista. Mais à frente, publicou também artigos no Diário do Nordeste. Foi professor fundador do curso de Comunicação Social da UFC, onde fui aluna dele. Realmente uma pessoa muito relevante para o jornalismo do Ceará, sempre zeloso pelo conteúdo", lembra.
Na lembrança do filho, o médico Otaviano Alencar Araripe, a admiração também permanece. "Papai foi um dos que contribuiu para a fundação da Faculdade de Medicina, quando ainda nem era federalizada. Ele aposentou-se exatamente na época em que eu estava entrando no curso. Nesses dois últimos anos de doença passou por períodos bons. Nunca perdeu a lucidez, apensa na fase final", revela o filho.
Araripe nasceu no município cearense de Jardim, em 1° de maio de 1921. Veio a Fortaleza terminar o ensino ginasial (hoje chamado segunda parte do ensino fundamental). Trineto da revolucionária Bárbara de Alencar, formou-se em Ciências Contábeis e Atuariais e frequentou vários cursos de extensão. Além do Esso, ganhou os prêmios de literatura Cidade Fortaleza (1965) e o prêmio Capistrano de Abreu, prêmio UFC (1966).
O Padre Rebelde
Entre as obras mais importantes de J. C. Alencar Araripe está "Alencar, o Padre Rebelde", livro no mínimo emblemático sobre José Martiniano de Alencar (1794-1860). A biografia foi reeditada várias vezes e conta a trajetória de um dos homens mais importantes do século XIX do País. J. C. Alencar Araripe era um apaixonado pela figura de José Martiniano. Não somente por raízes familiares, mas também pela rica e tumultuada vida do "O Padre Rebelde".
A vida de Martiniano, pai do escritor José de Alencar, foi das mais movimentadas, principalmente no campo político. O surto revolucionário de 1817 o levou à prisão por vários anos. A sua administração, como presidente da Província, sempre mereceu louvores e aplausos. Teve atuação como deputado nas Cortes de Lisboa. Voltou ao Brasil após a Independência e envolveu-se da Confederação do Equador.
A mão dura do Império caiu como ferro sobre os confederados. Martiniano de Alencar conseguiu escapar. "Tive a preocupação de colocar diante do leitor os fatos que se desenvolveram, o martírio emociona de Tristão, a debandada sem resistência dos que antes arrotavam valentia, os fuzilamentos no campo da Pólvora dos implicados na Confederação do Equador, como Alencar escapou da repressão dos imperialistas, transcrevi depoimentos que ajudaram a clarear o entendimento da tragédia que se abateu sobre o Ceará.
A escapada de Alencar, e o que o levou da Chapada do Araripe à capital do Império, o Rio de Janeiro, pelo interior bravio e inóspito, é um episódio que qualifico de rocambolesco, pelas peripécias vivenciadas e pela determinação com que procurou subsistir em ambiente tão hostil pela natureza e pela ação do homem", disse J. C. Alencar Araripe em entrevista, em abril de 96, ao Diário do Nordeste.
Martiniano de Alencar voltou ao cenário político logo que se viu livre das acusações de implicado na revolução de 64. Seu retorno foi triunfante. João Brígido externou a opinião que Martiniano de Alencar "lançou os fundamentos do progresso moral e material do Ceará, ensaiando, com grande intuição no futuro, quantos melhoramentos a Província veio a considerar indispensável à sua civilização".
O livro de J. C. Alencar Araripe, "Alencar, o Padre Rebelde", é um de grande importância para se conhecer, além de Martiniano de Alencar, o Ceará durante o Império.
J. C. Araripe deixa um grande vazio. Mas seu legado - como jornalista, intelectual, político e empreendedor - é essencial para as novas gerações.
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