quinta-feira, 19 de julho de 2012

José Leandro Bezerra da Costa


Nascido a 09 de julho de 1906 no Sítio Sanharol, município de Várzea Alegre, Zé Leandro começou a trabalhar aos cinco anos de idade, ajudando o irmão de criação nas tarefas do campo.
Desde cedo sentiu o peso do não reconhecimento e da opressão que perseguem o agricultor. O inconformismo seria então a conseqüência lógica das desigualdades presenciadas e vividas.
Zé Leandro foi se aprimorando com as mudanças impostas a si mesmo: procurou supri-las através do autoconhecimento, da leitura, do convívio social e político.
A doze de julho de 1940, com suas idéias socialistas e comunistas, já sedimentadas, foi convidado para uma reunião em Guaramiranga, na casa de Fernando Ferreira, durante a qual entrou para o Partido Comunista.
Durante muito tempo viveu clandestinamente por causa da ditadura militar, não abrindo mão da luta pela Reforma Agrária tão desejada.
Líder sindical teve desilusões ao procurar pessoas que poderiam tê-lo esclarecido e encaminhado para a formação de associações camponesas e afins.
Trabalhou a serviço da FALTAC - Federação das Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Ceará, que chegou a reunir vinte e nove associações. A 23ª dessas associações chamou-se Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Várzea Alegre, fundada sob a liderança de Raimundo Lucas Bidim.
A seguir, as atividades religiosas, filosóficas, sindicais e políticas de Zé Leandro:
1) Em Várzea Alegre (CE): A partir do sete anos de idade ate os doze (sócio da Irmandade do Coração de Jesus). Dos dez anos aos trinta e um anos, confrade da Conferência de São Vicente de Paula, chegando a ser secretário e Presidente.
2) Em Iguatu (CE): De setembro de 1937 até março de 1939, sócio da União Artística Iguatuense. De julho de 1938 a março de 1939 iniciante da Loja Maçônica Redentora Iguatuense.
3) Em Crato (CE): De março a agosto de 1939, filiado à Loja Maçônica Deus e Amor de Crato, onde colou o Grau 7 de Mestre Maçom, no mesmo período, sócio da União dos Trabalhadores do Cariri.
4) em Fortaleza (CE): De 1945 até 1950, sócio dos Oficiais Alfaiates e Trabalhadores na Indústria de Confecções de Roupas de Fortaleza. A partir de 1950, dirigente de uma equipe de camponeses organizada para lutar pela sindicalização rural e pela Reforma Agrária. Em 1954, dirigente de uma delegação de oito camponeses participantes da 1ª Conferência Sindical Camponesa, realizada em São Paulo de onde saiu a ULTAB – União dos Lavradores e Trabalhadores na Agricultura do Brasil. Em 1957, fundador da FALTAC, eleito secretário geral da entidade, que foi extinta com a fundação da Federação dos Trabalhadores Autônomos Rurais, que congregava os pequenos arrendatários meeiros, parceiros e pequenos posseiros da qual foi eleito seu secretário. Esta federação foi fundada em meados de 1963. Fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Fortaleza, fundado no início de 1963, sendo eleito primeiro secretário.
5) Em Pacoti (CE): Filiado a uma célula do PCB no Sítio denominado Canabrava, no município de Guaramiranga em 12/07/1940.
6) Em Fortaleza (CE): Participante da Seção de Campo do Comitê Estadual do PCB de 1950 a março de 1964.
7) No Rio de Janeiro (RJ): Participante da Seção de campo do Comitê Central do PCB de maio de 1965 a dezembro de 1974.
8) Em Duque de Caxias (RJ): Sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de janeiro de 1965 a maio de 1972.
9) Em Itaboraí (RJ): Sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de março de 1975 a maio de 1979.
10) Em Pacajus (CE): Sócio do Sindicato dos trabalhadores Rurais a partir de agosto de 1985.
Zé Leandro faleceu no dia 19 de julho de 2000, em sua casa, em Fortaleza, depois de sofrer um AVC que tirou sua memória de forma gradativa, até perdê-la completamente.
Seus últimos instantes de vida foram assistidos por sua filha Glória Maria.


Zé Ferreira


JOSÉ FERREIRA, filho de Antônio Ferreira e Matilde Correia Lima, médico  culto, popular e apaixonado por sua terra Várzea Alegre. Escreveu, em 1985,  aos 71 anos, “Várzea- Alegre, Minha Terra, Minha Gente”. De Fortaleza mudou-se para Olinda-PE, onde casou com Maria José Travassos Sobrinho, com quem teve quatro filhos: Célia Maria, Metilde Maria, Roberto (também médico) e Ana Maria. Netos até 1985: Letícia, Ricardo, Marília, Renata, Henrique, Eduardo, Natália e Mateus. Zé Ferreira faleceu  em 1992.

Zé Clementino


Compositor Zé Clementino

José Clementino nasceu no Sítio Juazerinho, município de Várzea Alegre – CE, em 1936. O encontro com o cantor e compositor Luiz Gonzaga ocorreu no Crato, em 1965. Na época, Gonzagão estava em declínio em face dos embalos da Jovem Guarda. A parceria com José Clementino colocou o rei de volta às paradas. A primeira música foi “XOTE DOS CABELUDOS“. No mesmo disco, Gonzaga gravou “CONTRASTE DE VÁRZEA ALEGRE” e “XENHENHEM”. Depois foram gravadas “O JUMENTO É NOSSO IRMÃO” e “CAPIM NOVO“, tema da novela da Rede Globo, “Saramandaia” e no início da década de 1980, veio “SOU DO BANCO”. Ao lado de Luiz Gonzaga, Padre Antônio Vieira e Patativa do Assaré, Zé Clementino fez parte da “Trilogia do Ciclo do Jumento“, um movimento idealizado no Crato, em defesa do jegue. A iniciativa tomou dimensão nacional através da música e da poesia dos quatro defensores do jumento. A campanha ganhou mais intensidade na década de 80, quando os quatro se encontraram na Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato), sob a presidência de Henrique Costa. Naquela oportunidade, Padre Vieira chegou ao palanque, onde se encontravam Luiz Gonzaga, Patativa e Zé Clementino, montado num jumento. Ao lembrar este fato, destacamos que Zé Clementino foi um dos mais vigorosos músicos do Ceará. José Clementino é autor de autênticos clássicos da música nordestina, tendo sido interpretado por alguns dos grandes nomes da MPB, dentre os quais o “O REI DO BAIÃO” - Luiz Gonzaga. Foi funcionário público e morou durante anos na cidade do Crato – CE, quando lá trabalhou na agência do INSS. Zé Clementino integrou-se à vida boêmia da Princesa do Cariri, fazendo parcerias com outros artístas.
A cidade de várzea Alegre se destaca por inúmeros contrastes fundamentados na alegria de espontaneidade de seu povo. O grande precursor dos contrastes de Várzea Alegre foi, inesquecivelmente, o motorista Joaquim Felipe de Souza, homem inteligente e de visão engraçada. Em suas viagens ao sul do país, descrevia a cidade numa forma humorística, onde os curiosos indagavam sobre as divergências da cidade e este, mais empolgado ainda, respondia com exagero à sua platéia.
Inspirado na figura de Zé Felipe e nos comentários da “boca do povo”, José Clementino do Nascimento imortalizou-se e tornou-se renomado ao cenário artístico com a música “OS CONTRASTES DE VÁRZEA ALEGRE”, gravado pelo rei do baião Luiz Gonzaga. Os próprios filhos da terra tinham a iniciativa de propagar seus contrastes, fazendo gozação, como se disseram: “FALE MAL, MAS FALE DE MIM”. Jornais e estações de rádio deliciaram-se com o fato. Assim, falavam dos que realmente existiam e ainda criavam imaginários outros.

ZÉ CLEMENTINO formou com Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga o movimento “Trilogia do Ciclo do Jumento”

PADRE ANTÔNIO Vieira foi um dos idealizadores do movimento em prol do jumento

A morte do compositor José Clementino consternou o Cariri. Ao lado de Luiz Gonzaga, Padre Antônio Vieira e Patativa do Assaré, Zé Clementino fez parte da “Trilogia do Ciclo do Jumento”, um movimento idealizado em Crato, em defesa do jegue. A iniciativa tomou dimensão nacional através da música e da poesia dos quatro defensores do jumento. A campanha ganhou mais intensidade na década de 80, quando os quatro se encontraram na Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato), sob a presidência de Henrique Costa. Padre Vieira chegou ao palanque, onde se encontravam Luiz Gonzaga, Patativa e Zé Clementino, montado num jumento.

Ao lembrar este fato, o jornalista Huberto Cabral destaca que Zé Clementino foi um dos mais vigorosos músicos do Ceará. É o autor de autênticos clássicos da música nordestina, tendo sido interpretado por alguns dos grandes nomes da MPB, dentre os quais o “Rei do Baião” — Luiz Gonzaga. Funcionário público aposentado, Zé Clementino, que já morou em Crato, quando trabalhava no INSS, integrou-se à vida boêmia da Princesa do Cariri, fazendo parcerias com outros artistas cratenses, entre os quais, Correinha e Hildelito Parente.

Com o “velho Lua”, o talento de Zé Clementino ganharia destaque nacional, ao passo que, por outro lado, a inventiva produção artística do compositor varzealegrense proporcionaria vitalidade e renovação à obra musical de Luiz Gonzaga. O “batismo” fonográfico da parceria Luiz Gonzaga-Zé Clementino procedeu-se, de certa forma, quando o “Rei do Baião” atravessava um longo período de ostracismo e mesmo de indefinição quanto à continuidade da carreira artística. No seu trabalho anterior, o ilustre “sanfoneiro de Exu” mostrava-se desestimulado e cético quanto aos possíveis rumos de sua até então vitoriosa trajetória musical. Numa de suas canções mais emblemáticas da época, Luiz Gonzaga lamentava: “Pra onde tu vai, Baião? / Eu vou sair por aí / Mas por que, Baião? / Ninguém me quer mais aqui...”. De fato, o Baião, assim como outros ritmos nordestinos, havia perdido o forte apelo comercial que gozara no passado, particularmente em virtude do surgimento de novos movimentos musicais — a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Nesse panorama, foi lançado o álbum “Luiz Gonzaga – Óia Eu Aqui de Novo”, o qual continha três canções compostas por Zé Clementino. Uma delas, o “Xote dos Cabeludos”, uma bem humorada crítica à estética ‘hippie’ que conquistava a juventude de todo o mundo, tornou-se uma das músicas mais executadas do país no verão de 68, trazendo o ‘Rei do Baião’ de volta à mídia e despertando o interesse das novas gerações pelo riquíssimo acervo musical do artista.

Naquele mesmo ano, Zé Clementino confere uma legítima e emotiva dádiva à sua cidade natal, quando compõe a letra do Hino Oficial de Várzea Alegre. No seu álbum seguinte, Luiz Gonzaga grava “O jumento é nosso irmão”, uma homenagem à luta, encampada pelo Padre Vieira, em prol da preservação da espécie asinina. Em 1976, fazendo proveito do mesmo tema, o Rei dAo Baião gravaria “Apologia ao jumento”, uma espécie de discurso inflamado em que, com muito bom humor, exalta as benesses do “pobre e castigado” animal. Registra ainda o xote “Capim Novo”, outra canção do compositor varzealegrense, cuja letra sugere uma “discutível” alternativa terapêutica e afrodisíaca para os homens que enfrentam os “percalços” da terceira idade.

Em 1978, o Trio Nordestino, na época o campeão em vendagem de discos no segmento de música regional, grava “Chinelo de Rosinha”, uma parceria de Zé Clementino e Paulo César Clementino. Em 1983, o Brasil vê-se tocado pela sensibilidade musical do prodigioso varzealegrense Serginho Piau, que executa a comovente canção “Simplesmente Zé”, de autoria de Zé Clementino, em alguns programas televisivos. Por fim, os anos 90 marcaram o processo de revitalização estética e musical do forró, e o cearense Sirano, um dos mais bem sucedidos artistas do Ceará. Entre as suas músicas estão: “Xote dos cabeludos” , “O jumento é nosso irmão”, “Apologia ao jumento”, “Contrastes de Várzea Alegre”, “Capim novo”, “Sou do banco Xeêm”, “Chinelo de Rosinha”, “Jeito bom”, “Hino Oficial de Várzea Alegre”, e “Simplesmente Zé”. Ele faleceu vítima de enfarte no Hospital de Várzea Alegre, aos 69 anos de idade.



Manuel Batista Vieira

A história a seguir foi narrada pelo primo e cunhado Humberto Esmeraldo Cabral e confirmada pelo filho do Professor Vieirinha, o médico José Flávio Pinheiro Vieira.
Para o professor Vieira, homem afeito às coisas do sertão, acostumar-se a viver numa grande cidade foi uma dificuldade indescritível. Sua vida ali, no meio de tantos rostos estranhos, fazia com que para ele, os dias se arrastassem como se fossem séculos. Até que um dia, viu um aviso para seleção de professor de português para um colégio da rede pública. Após muito matutar, e incentivado pelo amigo Monsenhor Rubens Lócio, resolveu se inscrever. Ao chegar à mesa de inscrição, a funcionária perguntou de onde ele era e se possuía experiência como professor. Ele mostrou toda a documentação comprobatória, afirmando que era cearense de Várzea Alegre e lecionara por alguns anos nos colégios do Crato, conforme ela poderia observar em sua documentação. Ao verificar que ele era do interior cearense, a funcionária encheu-se de superioridade e desejando intimidá-lo perguntou: “O senhor vai ter coragem de se inscrever? Aqui só tem cobra!” E o professor Vieirinha respondeu: “É moça, não custa nada “os minhocas” enfrentarem ‘os cobras’.” As palavras daquela funcionaria encheram de brios o professor Vieira, que fez uma revisão apurada de todo latim e português, que havia aprendido em anos de estudos no Seminário do Crato e no Seminário Maior de Fortaleza, onde concluíra teologia.

Após prestar as provas exigidas pelo concurso, no dia marcado para divulgação do resultado, o professor Vieira voltou ao local onde fizera a inscrição e procurou a mesma funcionária. Ela começou a consultar a lista dos aprovados, procurando encontrar o nome dele de baixo para cima. E ele observava: “Olhe mais em cima, moça”. E ela continuava olhando os nomes em ordem decrescente. Quando já percorria a metade da folha, ela lhe disse: “É, parece que o senhor não passou!” E o nosso Vieirinha insistia: “Mas moça, olhe mais em cima, por favor. Bem mais em cima!” Ela, a contragosto, obedeceu, até que chegou ao topo da lista. E tomada de grande surpresa, exclamou: “Puxa! O senhor foi aprovado em primeiro lugar!” E nosso Vieirinha com a humildade e misto de bom humor que lhe eram característicos, perguntou: “Moça, e os cobras onde estão?”.

Raimundo Valquírio Correia Lima




Raimundo Valquírio Correia Lima nasceu em Várzea Alegre-CE no dia 17 de Abriu 1924 . Casado com Isabel Sobreira Correia (a nossa querida dona Bezinha).