Dagoberto Diniz



   
Cadeira Nº 04 - Imortal: Dagoberto Diniz Souza
                     - Patrono: Joaquim Ferreira  
Dagoberto Diniz é filho de José do Carmo de Souza e Mirian Diniz Souza. Nasceu em Fortaleza no dia 08 de dezembro de 1958. Concluiu o ensino fundamental na escola Padre João Piamarta e o ensino médio no Colégio Estadual Liceu do Ceará, ambos em Fortaleza. É Professor de Filosofia e Sociologia da rede estadual de ensino, onde ingressou através de concurso público. Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará. Cursou Pós-graduação em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter (Rio Grande do Sul) e Gestão Escolar pela Universidade de Santa Catarina. Curso de Extensão “Epistemologia” em Platão, Aristóteles, René Descartes, Jonh Loock, Emanuel Kant e Hegel, pela Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza. Foi Diretor - através de concurso e eleição - da Escola Maria Afonsina Diniz Macedo, em Várzea Alegre. Exerce atividades de Tutoria em Ciências Humanas pela Universidade Federal do Ceará. Publicações: vários artigos de jornal, dois artigos científicos, textos na internet e dois livros: Antologia Sertão Brabo e Considerações Contemporâneas. Próximos lançamentos: Prédicas aos varzealegrenses; Aforismos; A Escola Necessária. Atualmente está como Secretário Municipal de Educação, desde o ano de 2005. É presidente da Academia Varzealegrense de Letras (AVL), onde ocupa a cadeira N° 04, que tem como patrono o jornalista Joaquim Ferreira.

Confira os textos do Imortal Dagoberto Diniz no Blog:

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E-mail: dagobertodiniz@bol.com.br

Livros:







Discursos:


 Discurso I

DISCURSO PROFERIDO PELO IMORTAL  DAGOBERTO DINIZ, NA SESSÃO SOLENE DE INSTALAÇÃO, DIPLOMAÇÃO E POSSE

 DISCURSO AVL – 08/07/2011.

Excelências:
Acadêmicas e acadêmicos:
Senhoras e Senhores:

Hoje é um novo dia. Estamos iniciando uma nova era que significa o despertar do potencial literário e força cultural do povo de Várzea Alegre. Esta nova era exige, sem dúvida, um novo olhar sobre as aptidões e vocações literárias dos varzealegrenses no sentido da valorização da sua riqueza cultura. 

O nascimento da AVL é o resultado do olhar prospectivo de seus fundadores na compreensão do mundo - tal como Heráclito de Éfeso - em seu eterno vir-a-ser, permanente devir, ou seja, que nada permanece com era antes, nada é, tudo está sendo. Lembrando a terminologia da metafísica aristotélica, diria que a AVL de potência transformou-se em ato. Antes eram apenas dúvidas, incertezas e obstáculos seguidos por utopias que se transformaram em projeto. Hoje somos a AVL.

O poema “Das utopias” de Mário Quintana ilustra bem a nossa caminhada:
                       
                                 Se as coisas são inatingíveis... ora!
                                 Não é motivo para não querê-las...
                                 Que tristes os caminhos, se não fora
                                 A presença distante das estrelas!


É grande a honra que me conferem os ilustres acadêmicos quando me escolheram para presidente da AVL. Agradecer, só vejo de uma forma: oferecendo o meu trabalho para auxiliar na construção de caminhos e estratégias para a difusão e produção das atividades literárias. Serei um defensor árduo, muito atento e incondicional de projetos que signifiquem a valorização da cultura das letras em Várzea Alegre.

Ilustres imortais:

Não convivi com a democracia nos meus tempos de estudante e nem desfrutei de decisões oriundas do debate e do calor da dialética. Asseguro e confesso que nada absorvi do modelo despótico, autoritário e obscuro que não admitia a liberdade de expressão e obstava o direto de questionamento do estaus quo com ameaças ominosas e vergonhosas; mas, apesar da desdita, a duras penas busquei, com muita humildade, sacrifício e trabalho, educar a minha consciência e humanizar o meu espírito para evitar qualquer decisão solitária, isolada e sem levar em conta o que o outro pensa, age e sente. Na academia de Letras de Várzea Alegre, serei um eterno praticante desta perspectiva. Na minha compreensão e prática não há espaço para decisões unilaterais.  

Na compreensão desta confraria, difundir a cultura das letras envolve três ações: motivar a produção, divulgar a obra dos que estão produzindo e imortalizar a produção literária daqueles que não estão mais conosco. É neste sentido que iremos fortalecer e dinamizar a cultura literária em Várzea Alegre. Estas ações serão ainda somadas ao intercâmbio com as demais academias de letras do Estado do Ceará. Não poderíamos deixar de citar, nessa sinergia intelectual, a contribuição da ALMECE que tem prestados relevantes serviços à cultura das letras na Terra de José de Alencar. Todos nós da AVL abraçamos e glorificamos o brilhante trabalho dos imortais João Gonçalves Lemos, Linda Lemos e Fátima Lemos. Eles têm, no labor intelectual cotidiano, prestado serviços de imensurável importância à literatura cearense.

Sócrates, pensador grego do século V a.C., não temia a morte. Sabia que apenas o corpo teria um fim; as suas ideias, o seu pensamento não findariam com o corpo, mas seriam eternizados. Assim também definimos a realidade dos nomes preclaros da cultura varzealegrense: Padre Vieira, Zé Clementino, Pedro Tenente, Eliza Gomes Correia, Joaquim Ferreira, Raimundo Lucas Bidinho, Zé Leandro, José Caminha, para citar apenas alguns.

Esses exponenciais atores da cultura varzealegrense, e patronos desta arcádia - com a excelência das suas produções atendendo às mais variadas áreas do conhecimento, filosofia, teologia, psicologia, antropologia, história, entre outras - serão eternizados em suas obras, através da expressão literária da AVL. “Ao tomar posse”, conforme determinação estatutária, “o acadêmico deverá obrigatoriamente, prestar homenagem ao patrono e ao antecessor”.


Hoje somos oito, amanhã outros mais irão compor e fortalecer esta instituição das letras de Várzea Alegre. Esta casa será sempre acessível às discussões literárias, jamais às atitudes polêmicas e sectárias de natureza político-partidária e religiosa. Esta casa será sempre acessível àqueles e àquelas que - além do apego às letras, no sentido da sua produção e divulgação - assumam o compromisso com a perseverança, ânimo e persistência quanto à materialização do seu objetivo.

 Machado de Assis – no discurso de fundação da ABL – ensinava que a Academia precisa da constância dos seus imortais, na persistência e boa vontade na realização dos seus objetivos. Esta lição deverá ser um eterno referencial em nosso labor cotidiano. Assim farei, assim faremos.

O conhecimento é o caminho para o progresso e desenvolvimento em todos os níveis. Compreendo o investimento no conhecimento como a negação do subdesenvolvimento e a afirmação da liberdade. Mas o conhecimento a serviço da melhoria de vida das pessoas, a serviço da superação das desigualdades sociais e contra a exploração do homem pelo homem. O conhecimento, enfim, a serviço da vida, da dignidade.

Através do conhecimento ultrapassamos o mundo das sombras e das aparências especiosas. Na alegoria do “Mito da Caverna” Platão já sugeria que somente o conhecimento nos liberta do mundo ilusório. Quebrar as correntes das crenças, das idéias que aceitamos sem questionar, eis aí uma tarefa que exige muita persistência e constância. A AVL será sempre uma instituição a serviço da cultura das letras e companheira incessante do conhecimento que se propõe a serviço da melhoria de vida das pessoas. Esta perspectiva será vivenciada, persistentemente, como um imperativo categórico.

Senhoras e senhores:

Esta casa terá como patrono Antonio Batista Vieira, o Padre Vieira de Várzea Alegre. O escritor conhecido pela elegância de estilo e o refinamento literário. Joryvar Macedo disse muito bem quando afirmou ser o padre Vieira “Um filho da Terra, mestre da língua e de línguas, conceituado homem de letras, escritor dos melhores e mais fecundo, com livros publicados até no exterior”. Padre Vieira continua conosco, através das suas crônicas, discursos e aforismos.

Os homens e mulheres fundadores deste silogeu há muito realizam um trabalho de cultivo e propagação da cultura literária. Com a fundação da AVL esse trabalho será realizado de forma conjunta e mais abrangente, envolvendo a comunidade escolar e todos aqueles que cultivam as letras no município de Várzea Alegre. Estaremos atentos, seremos diligentes e fieis na valorização de todos aqueles - sem exceção – que produziram, estão produzindo e pretendem produzir letras na terra de Papai Raimundo.

É um contentamento imensurável a oportunidade de participar do grupo de fundadores deste sodalício. Esse contentamento será transformado – eu afirmo com segurança - na mesma proporção, em empenho e compromisso, na condução – de forma democrática e republicana – dos trabalhos desta respeitável instituição. A dialética dos debates e discussões será a nossa prática e modelo pedagógico.

Fazer parte dessa instituição e a oportunidade de trabalhar com Pedro Sátiro, Cosma Ferreira, Tibúrcio Bezerra, Liduina Sousa, Marco Filho, Irismar Araripe e Hélio Batista é privilégio, satisfação e aprazimento sem par, uma oportunidade indescritível.

Para finalizar peço para ler uma citação de Padre Vieira de Várzea Alegre:

“O saber humano, por maiores que tenham sido as conquistas nas ciências, na tecnologia, face aos mistérios que ainda envolvem o mundo e o homem, ainda é pequena gota d’água, diante da imensidão do oceano, do desconhecido. Quanto mais os sábios avançam, quanto mais os filósofos e os pensadores raciocinam, mais conscientes se tornam do infinito a percorrer. Por isso, eles estão mais conscientes e convencidos da sua ignorância do que da sua sapiência”.

Muito obrigado!


DAGOBERTO DINIZ SOUZA
PRESIDENTE DA AVL

 

Discurso II



DISCURSO PROFERIDO PELO IMORTAL E PRESIDENTE DA AVL, DAGOBERTO DINIZ, NA SESSÃO SOLENE DE DIPLOMAÇÃO E POSSE DE WASHINGTON LUIS PINHEIRO



DUSCURSO AVL/2011
Excelências
Acadêmicas e acadêmicos
Senhoras e senhores

A Academia Varzealegrense de Letras iniciou com oito acadêmicos e com a afirmação categórica de que a esses seriam acrescidos outros mais que formariam um conjunto direcionado para o cultivo das letras e o fortalecimento da produção e divulgação da cultura literária dos varzealegrenses. Aquele discurso agora se materializa com o ingresso, neste sodalício, do acadêmico Washington Pinheiro.

A democracia é situação política que afirma a dignidade da pessoa humana no que concerne ao exercício dos seus direitos, garantia e abertura para a oportunidade de participação. A AVL tem esta compreensão como referencial no desenvolvimento do seu labor cotidiano, sempre considerando e destacando o ser humano como histórico, criativo e transformador.

Lembrando o personalismo de Emanoel Mounier falaria no homem pessoa, e não no homem indivíduo. O homem que se faz pessoa na sua atividade criadora e de engajamento na comunidade, o homem que enfrenta e remove os óbices que o impedem de libertar-se da condição de indivíduo. O homem intensamente engajado na defesa e valorização da pessoa humana. É com o homem pessoa que imaginamos compor e fortalecer os vigamentos de sustentação deste silogeu.

Senhoras e senhores

Podem existir outros caminhos para a busca da felicidade, contudo percebo um que me sensibiliza e multiplica minhas energias para a sua conquista e solidificação que seria a Luta pela melhoria de vida dos nossos semelhante e pela preservação da vida no planeta. Fazer alguma coisa pelo bem-estar das pessoas e combater toda a forma de discriminação e exploração; sinceramente, não existe satisfação maior. Esta arcádia assim pensa e assim busca compor o seu quadro.



Hoje, como nunca, muitos se deixam absorver pelas enganações do TER e se distanciaram das verdades do SER. Queríamos que as pessoas se voltassem mais para o ser e que a arrogância e o orgulho fossem substituídos pela humildade e solidariedade. Mas é sempre tempo para transformações, nunca é tarde para reconhecermos e vivenciarmos a grandeza da lição de Charles Chaplin :

“Pensamos demasiadamente e
Sentimos muito pouco…
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá." 

Esta academia estará sempre aberta para os discursos que tenham como essência os debates voltados para as letras, tendo sempre como busca primeira a criação e divulgação dos que estão produzindo e de todos os que um dia produziram cultura em Várzea Alegre. Produção literária que aconteça como referencial para os nossos jovens, nossos cidadãos, tornando-os pessoas humanas, pessoas engajadas e identificadas com o desenvolvimento do município em todas as suas dimensões. Uma produção literária que não se distancie da ação conscientizadora e transformadora. Nesta perspectiva, os nossos trabalhos têm, pois, um direcionamento pedagógico-político.

Confreiras e confrades

A AVL será marcada pela intensidade das discussões literárias, produção de projetos culturais, palestras e seminários. Jamais terão influência sobre esta casa os fatores de ordem econômica, a vivência religiosa e o credo político-partidário. Estaremos sempre atentos acerca dos sentimentos que engrandecem pela ética, pela solidariedade e pela justiça.


A AVL agora dá um grande passo na realização do seu objetivo – divulgação e produção literária – realizando o primeiro concurso literário “Despertando Potencialidades Literárias” destinado a todos os alunos do ensino fundamental e médio das redes municipal estadual e particular de Várzea Alegre. Tal como Sócrates, temos a intenção de despertar o conhecimento e a criatividade literária dos nossos jovens, queremos proporcionar o nascimento de poetas, escritores e jornalistas que, sem dúvida, sobejam no nosso meio.   

Guimarães Rosa certa vez afirmou ser “o mundo do tamanho do conhecimento que temos dele”. O nosso objetivo como acadêmicos é tornar o mundo, através do conhecimento, cada vez maior, imenso e mais próximo de todos. Nada de platonismo, nada de idealismo, apenas perseverança e afirmação do potencial dos varzealegrenses.

Mas esta casa necessita multiplicar o seu quadro com pessoas identificadas com as buscas intelectuais e pedagógicas. E todo aquele que almeja ingressar na AVL, não pode ser indiferente a esta filosofia e aos princípios e compreensões supracitados. O cidadão e acadêmico Washington Pinheiro compreendeu esse objetivo e buscas e, por isso, foi aceito de braços abertos por todos os acadêmicos fundadores.

Washington Pinheiro tem formação na área da ciência da natureza, mas uma sólida vivência nas letras, com a produção de textos, crônicas e poesias que refletem o dia a dia e as idiossincrasias do varzealegrense. De tino literário incontroverso, Washington Pinheiro acrescentará muito a este cenáculo intelectual, não somente com a sua obra, mas também com a sua criatividade e habilidade singulares na construção de projetos.

Washington Pinheiro tem ampla experiência no magistério e no âmbito da gestão educacional. É um educador que se destaca não somente pelo domínio dos conteúdos e conhecimentos, mas também por tratar com habilidade inconcussa os discentes quanto às dimensões afetiva, emocional cultural e social. È contestador e polêmico quando a realidade se transforma em exploração e espoliação, subordinação e aniquilamento do outro. Paulo Freire também foi contestador e sempre questionava tudo o que subtraia os diretos humanos. E todos nós devemos ser contestadores e críticos de toda realidade que diminui e oprime as pessoas. Temos o dever de ser críticos e contestadores de uma sociedade que se alicerça na clivagem entre os que possuem bens e os que nada possuem. Questionadores de uma sociedade que divulga o consumo como fundamental, como realidade que “valoriza” e “dignifica”. Não vejo nada de humano naqueles que contemporizam com o absurdo da extrema riqueza e da infinita pobreza.

Tenho ampla convicção de que o nosso confrade W. P jamais derramaria silêncio sobre as iniqüidades e desigualdades, sistematicamente, produzidas no mundo. Os homens, dadas as suas diferenças econômico-sociais, de cor e etnia, não são tratados como irmãos. As diferenças não são respeitadas e as desigualdades nunca combatidas, apenas reproduzidas, perpetuadas e solidificadas pelas elites econômica e pelos socialistas de cátedra.

 Quero falar, a todas e a todos, não apenas na aceitação da diferença, seja ela social, cultural ou moral, mas, sobretudo na aceitação do outro, escutando e refletindo sobre os seus anseios e necessidades como fonte de aprendizado. Igualmente a Jaques Derrida, penso numa hospitalidade incondicional que somente a educação que vivencia ética, poderá construir.

Nós creditamos que a educação e a ciência têm, potencialmente, uma grande capacidade conscientizadora e transformadora. "Um povo educado, dizia Florestan Fernandes, não aceitaria as condições de miséria e desemprego", e acrescentaria ao pensamento do nobre sociólogo: não aceitaria nenhuma forma de exploração e subordinação. Essa compreensão da educação nos torna parceiro das escolas, sempre buscando, através de concursos literários, seminários, palestras e eventos afins, auxiliar na melhoria da educação de Várzea Alegre.

Queremos fazer da AVL uma instituição de produção e valorização das letras, mas ouvindo, atendendo e abrindo suas portas aos valores literários, e sempre impermeável aos condicionamentos de ordem ideológica, político-partidária, religiosa e étnica. As diferenças serão sempre respeitadas, jamais tratadas através da consideração etnocêntrica. O relativismo cultural é a nossa afirmação e vivência cotidiana.

Queremos ser parceiros de todos aqueles que acreditam no poder da educação e acreditam na força transformadora do conhecimento. Por isso afirmamos a vontade e a necessidade de acrescentar ao quadro de efetivos e vitalícios da AVL, membros correspondentes, honorários e beneméritos. Esta não é apenas uma norma estatutária, mas, sobretudo a consciência de que muito pode ser feito pelas letras quando muitos estão envolvidos e engajados neste propósito.

Quando fundamos a AVL pensamos numa casa de muitos com um pensamento convergente, ou seja, valorizar as atividades literárias. Hoje, 16 de dezembro de 2011, realizamos a primeira sessão de posse, abrindo as portas para Washington Luis Pinheiro Lima, o imortal da cadeira nº 16, um amigo das letras e incessante defensor da cultura varzealegrense. Ele, indubitavelmente, fará com muita satisfação e capacidade a divulgação da obra do seu patrono, o grande poeta José Gonçalves.  

Todos desta academia recebem o novo acadêmico com muita satisfação e otimismo no futuro das atividades literárias.

Despeço-me citando Jorge Luis Borges, o grande poeta argentino:
 “Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível".

Obrigado

Dagoberto Diniz

 

Discurso III



                                           
DISCURSO PROFERIDO PELO IMORTAL E PRESIDENTE DA AVL, DAGOBERTO DINIZ, NA SESSÃO SOLENE DE DIPLOMAÇÃO E POSSE DE MARIA OTÍLIA, BRUNO SIEBRA E MARCIANO ALVES

DISCURSO AVL- ABRIL/2012

Excelências,
Acadêmicas e acadêmicos,
Senhoras e senhores,

Há dez meses, aqui mesmo no auditório Josué Alves Diniz, foi realizada a sessão solene de fundação da Academia varzealegrense de Letras. Naquela ocasião éramos apenas oito e hoje, pouco menos de um ano, realizamos uma segunda sessão de diplomação e posse de novos acadêmicos. Agora esta confraria conta com doze imortais, todos conscientes e identificados com o singular objetivo de difundir a cultura das letras.

Percebo a cada momento a importância da difusão da produção literária, da divulgação do conhecimento. Como Gramsci também defendo a socialização do conhecimento, a sua propagação e produção entre as classes populares, incondicionalmente. Como Gramsci, ainda, entendo que todos são intelectuais, todos têm capacidade de pensar e produzir. Não entendo e nem aceito a ideia de produção literária e conhecimento como assunto de poucos. Todos devem ter, não somente o acesso, mas também a possibilidade de produzir, de criar e renovar. Mas o conhecimento, é imperioso acrescentar, não deve ficar guardado, deve estar sempre em processo de transformação e direcionado para a transformação da realidade, em benefício da humanidade.

Nesta perspectiva afirmo, em nome de todos os que fazem este silogeu, o nosso compromisso com a difusão das letras e da viabilização da produção literária a todos os varzealegrenses. Não é nossa intenção transformar esta casa de cultura num ambiente hermético e espaço inacessível; o nosso objetivo é fazer da AVL a casa de todos aqueles que um dia produziram letras, e não estão mais conosco, e dos que querem produzir e outros que estão produzindo cultura literária.

Gramsci falou no intelectual orgânico, retratando a osmose profunda deste com as camadas populares. Não temos como modelo o intelectual tradicional que vive num mundo antiquado e fechado em abstrações. Cultivamos sim, a aproximação da cultura das letras, com todos os que pensam e querem produzi-las.


A AVL tem transformado em imperativo categórico o seu projeto de produção e divulgação da cultura literária, um trabalho que vem se consolidando através do olhar prospectivo e capacidade analítica de Pedro Sátiro, da observação percuciente de Tibúrcio Bezerra, da Facúndia de Hélio Batista, da criatividade e inovação do impávido Washington Pinheiro, da acuidade de Marco Filho, da redação impecável de Irismar Araipe, da verve poética de Cosma Ferreira e do primor da palavra de Liduína Sousa. E, para o engrandecimento deste sodalício, essas qualidade intelectuais agora se somam ao tino literário de Maria Otília, ao espírito nietzschiano de Marciano Alves e à finura dos textos de Bruno Siebra.


Senhoras e senhores,
Caríssimos varzealegrenses,

A AVL tem a honra de receber os novéis acadêmicos: Maria Otília Diniz Arcoverde, Marciano Alves Correia e Victor Bruno Fernandes Siebra. Estes cidadãos solicitaram ingresso nesta arcádia e, de forma unânime, foram aceitos e abraçados por todos os seus imortais.

Maria Otília Diniz Arcoverde é professora com profícuos serviços prestados à educação e formação dos nossos jovens. É autora do livro “Crianças da Minha Terra e outros Escopos”, um livro para todas as idades, mas especialmente para as crianças, que podem ver o que essa época pode proporcionar de bom e deixar marcado na história. Um trabalho que nos deleita com exemplos e reflexões singulares. A presença de Maria Otília irá ser muito representativa para os projetos e construções intelectuais desta casa. A nossa instituição ganha mais brilho e inteligência com a presença de mais uma mulher.

Marciano Alves Correia é professor com importantes serviços prestados à educação local. Nas suas obras, não só embeleza e questiona o mundo, mas apresenta a vida com os olhos da alma. A sua formação está toda voltada para a compreensão e transformação do mundo.

Victor Bruno Siebra é jornalista e professor. Publicou “Confissões e páginas perdidas”, um livro que fala de amor e amizade, verdadeiros sentimentos que unem as pessoas. É, em síntese, um encontro seu com a vida, com o amor a ela. Bruno Siebra tem muito de Mário Quintana, os seus poemas demonstram quando declaram o apego à vida, ao amor, à amizade, à esperança.


“Falam que o tempo apaga tudo. Tempo não apaga, tempo adormece”, já dizia Raquel de Queiroz. Assim também pensamos e é por isso que estamos sempre retomando e preconizando a obra dos nomes ilustres da cultura varzealegrense, tirando-os do esquecimento e do sono provocados pela indiferença dos filisteus camuflados de sábios.

Perlustrando a obra dos grandes nomes da cultura varzealegrense percebermos o apego e o amor imensuráveis de todos eles por todos os aspectos da Terra de Papai Raimundo. O deleite e o encanto que demonstram pela cultura, pelas idiossincrasias locais é traço característico da produção literária de todos eles. Dar continuidade ao trabalho desses homens ilustres é tarefa ingente e que exige muita responsabilidade de todos nós da AVL.

Mas essa responsabilidade abrange também o nosso compromisso com a educação das crianças, jovens e adolescentes. A AVL será sempre a afirmação da cidadania e do engrandecimento social, uma construção que encontra agora nos acadêmicos Maria Otília, Marciano Alves e Bruno Siebra seus mais novos protagonistas.

A cidadania envolve direitos – sociais, civis e políticos – e deveres. Não pregamos a cidadania exclusivista, que só atende à sede material incessante das classes obesas, mas a cidadania plena, aquela que atende a todos, incondicionalmente. Pregamos a inclusão e confirmamos o respeito às diferenças e o combate às desigualdades.

Compreendemos que contemporizar com a subordinação e exploração é defender a transformação do conflito em confronto, é substituir a dialética pela autoridade, enfim é substituir o diálogo pelo ressentimento – isso está distante de todos nós.

Façamos , pois uma guerra, não aquela preconizada pelas nações
“desenvolvidas” em seu aparato bélico – que planejam e praticam a violência contra irmãos – mas uma guerra contra os confrontos, contra os ressentimentos, contra o autoritarismo, contra os preconceitos, contra a exploração, contra a discriminação, contra tudo, enfim, que é desumano, unicamente desumano.

Mais do que nunca, torna-se urgente a promoção da vida, a realização do conhecimento a favor da melhoria de vida dos povos e a valorização da arte. Sem isso iremos conviver, eternamente, com a ganância por mais-valia, com o absurdo das guerras.

A AVL recebe de baços abertos e com satisfação, sem par, os novos acadêmicos: Maria Otília, Marciano Alves e Bruno Siebra. Sejam todos bem-vindos!

Despeço-me citando o grande Jorge Amado:

“A solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura, a musica, a pintura, enfim com as artes.
O homem necessita de beleza como necessita de pão e de liberdade. As artes existirão enquanto o homem existir sobre a face da terra. A literatura será sempre uma arma do homem em sua caminhada pela terra, em sua busca de felicidade”.

Dagoberto Diniz
Presidente da AVL



Alguns Axiomas:
 
Uma política de combate à violência só terá resultados satisfatórios quando tiver como foco a eliminação do empobrecimento e da inferiorização do nosso povo. Sabe por quê? O nosso povo não é pobre e nem inferior; mas empobrecido e inferiorizado pelas estruturas socioeconômicas desumanizantes, alimentadas pela concentração de renda e riqueza nas mãos de poucos.

O invejoso demonstra, através da crítica infundada, não somente a sua incompetência, mas também fragilidade e fraqueza irreparáveis.

Julgar pelas aparências constitui pobreza intelectual. É uma atitude das pessoas medrosas que preferem à superfície dos mares à escuridão das suas profundezas.   












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